Espaço destinado ao mundo musical e tudo que gira em torno dele.

segunda-feira, agosto 21, 2006

The Lake House Original Soundtrack. Música deslocada no tempo.




O novo filme do Diretor Argentino Alejandro Agresti, The Lake House (2006), em nada tem de inovador. Trata-se de um tema até Dejà vu, onde duas pessoas se encontram e se apaixonam em tempos diferentes assim como em outros”espíritas” do gênero. Mas o que realmente chama a atenção desta fita é sua trilha sonora. As cinco primeiras faixas do CD, contém músicas que fazem, nós expectadores, nos deslocar no tempo, juntamente com os personagens. Eu explico: na maioria dos filmes, os diretores e trilheiros se preocupam em montar trilhas que remetam ao clima e ambiente do filme. Exemplo: filmes que são de época, como American Grafitti, de Spielberg, que se passa nos anos 50, trazem músicas daquela época, ou num college movie, tipico dos anos 80, como em Clube dos Cafajestes, temos New Order, Devo, Pretenders, Simple Minds e etc, para criar a atmosfera da história. Neste caso de The Lake house, temos músicas que não pertencem a época em que se passa a trama (entre 2004 e 2006) e sim, climas dos anos 70. Das cincos faixas que não são instrumentais, três remetem há outros tempos. O CD abre com Paul MacCartney com a bela “This never happened before” que apesar de ser de seu trabalho “The Caos and Creation in the Backyard”, de 2005, traz um clima setentista criado por Paul, como em todos seus trabalhos pós-Beatles. A terceira faixa, temos um clássico de Nick Drake, de 1969, chamada “Time has told me”, e na quinta faixa a belíssima “It’s too late” de Carole King do excepcional CD “Trapesty” de 1971. A faixa mais marcante e significativa do filme. Assistindo ao filme, preste a atenção a uma bela frase do pai do personagem Alex, interpretada por Keanu Reeves, quando diz a ele enquanto Keanu olha a coleção de discos de vinil numa prateleira: “Nietzche dizia, que sem música não há vida”. E é examente a música que dá vida a este romance.

quinta-feira, agosto 17, 2006

Fête de La Musique.



A França já foi a grande nação do mundo ocidental há bem pouco tempo atrás, mas a impressão que tenho é que hoje sabemos bem pouco sobre o que acontece por lá. Exemplos: os melhores vinhos do mundo são os franceses. Resposta errada, são os Sul-Africanos, Chilenos e agora, até Australianos. Eles não sabem jogar futebol. Não é o que parece. Nas três últimas Copas do mundo, eles levaram uma da gente e nos eliminaram em outra. Quando o assunto é música, aí é pura sacanagem. Depois dos surpreendentes Air e Daft Punk, está por ai o Rinoçerose. Dupla formada por Jean Philipe Freu e Patrice Carrié, dois ex-psicólogos parisienses que se enfiaram de cara no rock, com misturas eletrônicas e acabaram criando três CDs excelentes, que vão de Glam Rock, passando pela Disco anos 70 até seus conterrâneos do Daft Punk. Novo CD, Schizophonia (2006) é super dançante, com guitarras colocadas no lugar certo e refrões pegajosos de qualidade que já estão sacudindo as casas da Europa. Ouça as faixas “Get Ready Now”, “Bitch” e “Fiction Dancer” na sequência. É a prova de que a revolução continua em marcha por aquelas bandas, monseniour.

terça-feira, agosto 08, 2006

Criando um Mito.



Chega ao mercado brasileiro pela Universal o DVD "The Doors - Edição Comemorativa de 30 Anos". Um material inédito até então, dos Doors no auge de sua carreira. O DVD é dividido em 3 partes. A primeira é um show realizado em 69 em Hollywood, onde vemos Jim e cia em momentos únicos de pura psicodelia e rock de verdade. A segunda parte tem uma coletânea de 14 clips sensacionais dos maiores hits da banda. É possível entender o principio do vídeoclip naqueles remotos anos 70. E na terceira e última parte, o documentário do disco Soft Parade, com um Morrison já decadente, barbudo e gordo fumando charuto durante as entrevistas. Mas o mais interessante deste DVD é notar como criou-se o mito Doors, sim o Doors, e não apenas Jim. Porque nos shows ao vivo, fica claro, o monstro que é Manzarek nos teclados criando toda a ambiência para os temas rasgados por Morrison. Também nota-se a guitarra sempre muito bem colocada, preenchendo o baixo ausente, por Robby Krieger. E John Densmore na bateria é sensacional. Ele, que muitas vezes é esquecido no meio de tantos gênios em uma só banda. As imagens e fotos imortais que cansamos de ver nas revistas e livros da banda, aqui tem movimento e cor. Jim aparece sempre com seu olhar blasè, meio embriagado. É incrível ver que ali, naquele momento foi moldado sua figura imortal de poeta louco e sensível que aprendemos a idolatrar. Durante todo o DVD vemos os momentos dele sendo preso em shows, cenas dos Doors na Tv, onde nota-se Krieger com olho roxo ao fundo e o público hipnotizado pela malha sonora criada pelo quarteto que conseguiu elevar ao máximo, o termo mito do Rock.

segunda-feira, agosto 07, 2006

Rock Swings. Grunge & BritPop em Versões Big Band.



Uma coisa é fato. Quando a música é boa, e estou falando do conjunto que compreende letra e melodia, ela é boa em qualquer tempo e ritmo. Ou seja, ao ouvir uma música, você pode até não gostar de seu ritmo ou arranjo, mas com ouvidos apurados consegue identificar uma boa canção. O maior exemplo disso é o novo trabalho de Paul Anka, um cantor que podemos chamá-lo com honra de “Crooner” contemporâneo de Frank Sinatra e Barry Manilow. No CD “Rock Swings” lançado pelo conceituado selo de Jazz “Verve”, Paul transforma hits clássicos recentes em verdadeiras Big Bands. São canções que vão do pop inglês, passando por Eric Clapton e Billy Idol ao grunge num trabalho primoroso e muito agradável de se ouvir. Ouça as versões de “Wonderwall” do Osasis e “Smells Like Teen Spirit” do Nirvana. Até seus pais vão gostar mais do finado Curt Cobain.

quarta-feira, agosto 02, 2006

Deixem as Sirenes Tocarem.



A música pop, graças a Deus, vive em constante mutação. Nas últimas duas décadas passou por transformações e muitas fusões de estilo com a chegada do fenômeno que atende pelo nome de música eletrônica. Mas apesar de todo este esforço, existe uma banda que passa seu tempo, como que a observar o movimento a distância, para de vez enquando voltar a cena e mostrar para todo mundo como é que se faz e o que devem seguir. Estou falando de New Order, mais precisamente de seu último disco "Waiting For The Siren's Call" (WEA-2005). O NO volta com a força toda e com canções para marcar época como sempre. Basta ouvir faixas como "Who's Joe?", "Krafty" e "Dracula's Castle". Mesmo com a baixa da tecladista Gillian Gilbert, a dupla de mentores do New Order, Barney Sumner e Peter Hook conservam a banda no posto de a melhor de sua geração, e fazendo com que as postulantes a vaga ouçam a sirene tocar e correr atrás do prejuízo.

Mudando de Faixa.



Jack White, do White Stripes é um músico fantástico que está sempre em processo de evolução. Mas o que ninguém imaginava é que seu próximo passo evolutivo seria longe dos WS. No primeiro CD “Broken Boy Soldiers”, com o Raconteurs, um “supergrupo indie” formado por White, pelo cantor Brendan Benson e por Patrick Keeler e Jack Lawrence, da banda Greenhornes, Jack soa mais leve e mais melódico, incorporando todo seu lado Ledzeppiano, com teclados, baixo e outros arranjos que já apareciam no último trabalho do White Stripes. Ouça as faixas “Hands”, “Broken Boys Soldiers”, a balada “Together” e “Store Bought Bones” que abre com um arranjo de teclados tipo Deep Purple dos bons tempos de Mr.Lord e finalize com a belíssima “Blue vains”. Se rock fosse arte marcial, diríamos que Jack mudou da faixa branca para a marrom e está muito próximo de ficar com a preta em breve.

terça-feira, agosto 01, 2006

O Grande Garoto.




Estamos num amplo escritório. Senhores sisudos em seus ternos monocromáticos discutem algo com energia em meio a fumaça de seus charutos. De repente, pela porta entra um garoto sem ser convidado que começa a dar um show de conhecimento sobre o tema, mostrando habilidade e modernidade para os olhares atônitos desses senhores. Pois foi exatamente isto que o jovem britânico Jamie Cullum fez ao entrar no templo do Jazz mundial de calças curtas e tênis All Star com seus dois últimos e refinados CDs "Twenty something" (Universal -2004) e agora com "Catching Tales" (Universal- 2005). É notório que Jamie Cullum concorre com suas companheiras de saias Dianna Krall, Joss Stone e Nora Jones ao posto de maior nome da nova geração jazzística, mas felizmente com algo a mais. Cullum arrasa em apresentações ao vivo, (Vide o belíssimo DVD Live at Bleinheim-2005) subindo ao piano, batucando-o por baixo, lembrando muito seu conterrâneo Sir Elton John em começo de carreira, além de ter um vozeirão privilegiado que assusta quem vê apenas sua foto nas capas do CD. Em "Twenty Something" Jamie está mais jazzy do que em "Cathing tales", mas mesmo nas pegadas mais pop ele surpreende pelo improviso e pela capacidade de trazer elementos do Jazz anos 50 de gente como Sinatra e King Cole a música de hoje. Se Jamie Cullum quer ser um gigante do jazz, os primeiros passos já estão bem dados.

WolfMother. Os Anos 70' Aqui e Agora.


Se você é daqueles que ainda aguarda a volta triunfal do Black Sabbath, na sua formação clássica com o senhor Ozzy nos vocais, não se desespere. Espere sentado numa cadeira bem confortável e vá apreciando o primeiro CD do Wolfmother. O Wolfmother é uma banda australiana de hard rock formada em Erskineville, subúrbio de Sydney, em 2003. Andrew Stockdale (vocal e guitarra), Chris Ross (baixo e teclado) e Myles Heskett (bateria) reconstruiram a sonoridade de bandas como Led Zeppelin, Black Sabbath e Deep Purple, mas com uma grande diferença de seus contemporâneos White Stripes e The Strokes. Esses rapazes foram atrás dos velhos instrumentos e amplificadores em brechós e lojas de usados, para soar de fato como nos anos 70. O resultado é excepcional, é claro, tirando os momentos Jack White de Stockdale nos vocais, o WM já nasceu clássico. Ouça “White Unicorn” e “Woman” logo de cara. Só faltava sair uma edição especial em vinil, com a capa dupla, para ressaltar a maravilhosa arte e o encarte com as letras (é, nos anos 70 vinha com as letras!) feita pelo artista plástico Frank Frazetta.