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segunda-feira, julho 31, 2006

O Brilhante Não Era Falso.


Em 1976, Elis Regina criou uma pérola da MPB, ou melhor, um disco brilhante com o perdão do grosseiro trocadilho. Mas é exatamente isso que “Falso Brilhante” (Polygram –1976) é de fato. Sob a batuta do maestro e arranjador e marido César Camargo Mariano e com letras de Belchior e Aldyr Blanc, sendo o primeiro introduzido pela primeira vez ao grande público, esse disco é de uma inventividade única na MPB. A primeira faixa “Como nossos pais” abre com uma Elis refletindo sobre sua juventude, as lutas e conflitos pessoais de sua geração em letra maravilhosa de Belchior. A segunda faixa, “Roupa Colorida” também de Belchior, talvez seja a música mais rocker com pés no Blues que Elis já tenha gravado. Depois temos “Los Hermanos”, que foi onde o conjunto de rock carioca de mesmo nome se inspirou, toda cantada em castelhano. O disco começa a crescer e faz com que você não consiga parar de escutar, aguardando mais uma surpresa. E elas acontecem. “Um por todos” tem influências de teclados e arranjos progressivos típicas dos anos 70, que aliás permeiam todo o disco, seguida da clássica “Fascinação”, música que particularmente nunca foi melhor do que cantada por Elis. “Jardim da infância” é uma música que usa referências de contos infantis para construir uma crítica velada a conjuntura da época. Sutil e excelente. A sétima faixa “Quero” é cheia de nuances, com bela orquestração. Talves a faixa mais bonita deste disco perfeito. Se fosse cantada em inglês, caberia tranquilamente em qualquer disco de Yes ou Genesis dos anos 70. “Gracias la vida” é um lamento em castelhano, que talvez pudesse até ficar de fora do disco. Eu particularmente, nunca gostei de Elis cantando em castelhano. O disco fecha com “O Cavaleiro e os Moinhos” e depois “Tatuagem” uma bela letra. “Falso Brilhante” pode ser considerado um disco fundamental, daqueles de cabeceira mesmo. Um disco que é uma pedra preciosa, que deve ser apreciada e lapidada devagar até você descobrir seu encanto.

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